A exposição dizer, diga dos artistas e mestres em artes visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, Davi Bernardo e Tanile Maria, abriu no dia 04 de outubro/2013, na Galeria ACBEU, com curadoria de Eriel Araújo. Suas produções são realizadas a partir de poéticas que tangenciam o método autobiográfico, a associação entre os signos visual e verbal, tendo a palavra como fator estimulante na confecção das obras e elemento integrante na estética da composição artística.
O título da exposição propõe uma ligação entre as poéticas artísticas, por intermédio de duas formas interpretativas verbais. O “dizer” no modo indicativo sem ser conjugado, dando uma idéia de ação ou estado, sem vincular a um tempo, modo ou pessoa específica. Em contrapartida, o “diga” oferece a conjugação imperativa do verbo, que indica uma ordem, a solicitação de uma resposta do outro. O que você quer dizer? O que você quer que eu diga? Se quiser dizer, diga. Desse modo, os trabalhos artísticos de Tanile Maria e Davi Bernardo, cada um com seu discurso particular, estabelecem uma relação com o observador solicitando sua participação: diga! O monólogo se transformando em diálogo.
"Ao sermos conscientes do real, logo procuramos relacioná-lo aos
“códigos” arquivados e atualizados em nossa mente. Assim, os sistemas visuais e
verbais podem ser comparados aos fios de um tecido com urdiduras capazes de
conter situações que escapam, algumas vezes, do nosso entendimento.
Das palavras surgem imagens, das imagens podemos criar palavras. O que
dizer então quando palavras e imagens se unem para dar lugar à manifestação do
Eu?
A exposição “dizer, diga” nos aproxima de obras que surgem de um
ambiente íntimo, onde moram as dúvidas, certezas e delírios. Constitui um lugar
para onde todos os desejos se escondem.
Descobrir o que quer dizer uma determinada situação vivida torna-se uma
busca dolorida e prazerosa. As palavras surgem para tentar compreender os
sentimentos oriundos de tais situações.
Tanile Maria e Davi Bernardo reordenam o sentido de algumas situações
para dar lugar a um ambiente onde o “Estado de Arte” se faz presente. Lugar
onde todos podem se aproximar para ouvir e ver os ruídos de uma lembrança, que
poderá dizer o que quer que ela diga."
Eriel Araújo
Curador
Em sua produção poética, Davi Bernardo relaciona o
cotidiano com a palavra/imagem/objeto. Reconhecendo a relação entre palavra e imagem
como origem, busca compreender os trânsitos entre elas e quando a palavra
provoca ou funciona como imagem em sua relação com o objeto. Nesse processo de
investigação e experimentação, identifica a relação entre Cotidiano e Arte,
além da função do objeto e da fotografia, confirmando-se a capacidade geradora
e propulsora da escrita como matriz e motriz da criação visual.